segunda-feira, novembro 26, 2007

falando em tofu, apresento o seu primo "do mal" - nattô


já que falei do tofu, por que não falar também de outro derivado de soja que não é tão admirado nem conhecido assim, o nattô. por que "do mal"? o coitadinho não tem culpa de nada. nasceu assim, fedidinho, feinho, nojentinho, mas para quem gosta é a iguaria dos deuses. e olha que não são muitos, não. mesmo no japão, o nattô é mais apreciado pelos que vivem na região a nordeste de tóquio. então, o que é essa "coisinha"?
nattô é a soja fermentada. sim, caros, a soja "estragada", digamos assim. claro que há todo um processo de fermetação próprio. não é deixar a coitadinha estragar assim, ao léu. depois da fermentação adequada, ela fica escura, com um cheiro forte e cheia de babas. ok, ok, não estou querendo desencorajar ninguém a experimentar, mas é a realidade. o nattô é assim mesmo. como se come?
tradicionalmente, o nattô é degustado temperado com um pouco de shoyu, mostarda japonesa (karashi), kastuo bushi (o tal do peixe bonito seco ralado, do qual já falei anteriormente) e cebolinha picadinha. mistura-se tudo para aumentar a baba (que é o que dá o charme no nattô) e coloca-se sobre o arroz japonês quentinho. confesso que só de lembrar já estou salivando... é tudibom!
mas é assim, ou se ama ou se odeia. não tem meio termo. não dá para "suportar" o nattô. quem gosta, adora e quem não gosta, detesta. pragmático assim.
claro que aprendi a gostar do nattô no japão, né? quando ainda morava com meus pais em sampa, o velho fujy adorava a coisinha que eu considerava asquerosa e achava até que ele comia na minha frente de sacanagem. não podia gostar daquilo. ninguém poderia gostar daquilo!
até que fui morar no japão. como passei o primeiro ano em hiroshima, região que não consome nattô por tradição, não tive muito contato com ele. quando me mudei para tsukuba, onde fiz meu mestrado, estava no coração da terra do nattô, a província de ibaraki.
trabalhei durante dois anos em um yakitoriya (barzinho que vende espetinhos de frango) durante a vida de estudante e lá, quando souberam que eu nunca tinha comido nattô, fizeram um teste. prepararam o bichinho de um jeito bem diferente. colocaram dentro de um aguê (tofu frito que fica parecendo um saquinho, quando aberto ao meio), fecharam e assaram. e não é que achei delicioso? a etapa posterior foi comer in natura, da forma tradicional, mas desta vez fiz em casa. realmente tinha gostado mesmo. de verdade.
é super saudável (afinal é soja), alimenta, não engorda, cura ressaca (uêba!) e ainda por cima, é delicioso!
pena que morando em salvador, não encontro essa iguaria. na verdade, achei em um restaurante chamado sukiyaki que é o japonês que mais frequento por aqui por ser bem próximo aos mais tradicionais.
quem vier me visitar de sampa, traga na mala de mão, tá?

ps. esqueci de um detalhe. o nattô é considerado o viagra japonês!

sexta-feira, novembro 23, 2007

tofu


para quem não conhece, o tofu é um "queijo de soja". eu, particularmente, tenho um certo pé atrás em chamá-lo de queijo, mas não deixa de ser. na verdade, esse "pé" deve vir do fato de eu sempre ter comido tofu na culinária japonesa e nunca ter passado pela minha cabeça usá-lo de outra forma que não a tradicional: geladinho com shoyu, gengibre ralado e cebolinha picada (pode ser colocado um pouquinho de katsuo bushi que é feito de lascas de peixe (bonito) seco. claro que na culinária japonesa se come de diversas outras formas, mas jamais imaginei tofu como recheio de pastel integral, misturado a brócolis (que se mostrou delicioso, quebrando o meu preconceito).
assim, aprendi que o tofu poderia ser degustado de diversas outras formas não ortodoxas e dar muito certo. um bifum vegetariano pode ser incrementado com tofu, uma saladinha, ...
muitos dizem que o tofu fica bom com qualquer coisa porque não tem gosto de nada. discordo. sempre adorei tofu e quando fui morar no japão fiquei maravilhada com a variedade de tofu que não temos por aqui. o primeiro que comi, confesso que detestei. foi quando percebi que havia pelo menos dois tipos básicos: momen e kinu. a diferença está no tecido utilizado para coar a soja (momen - algodão e kinu - seda). um é mais fino que o outro resultando em um tofu mais "fino", ou seja, mais leve, cremoso. foi esse que não gostei. me lembrou a consistência de um pudim e achei horroroso. gosto mesmo do tofu rústico, duro. quando encontrei o dito cujo, quase choro de prazer. é muito melhor dos daqui.
agora, a experiência dos deuses que tive foi quando morava em hiroshima. a família do meu pai é de lá e casualmente, são (eram na verdade) fabricantes de tofu. passei um final de semana com eles e tive a oportunidade de provar do melhor tofu da face da terra. para quem não sabe, no japão não se tem o costume de comer pão no café da manhã. o pão é algo totalmente ocidental. lá se come arroz, peixe assado, sopa de missô e afins. foi num desses cafés da manhã tradicionalmente japa que provei a melhor iguaria feita de soja. um tofu feito na hora (imagino que devam ter acordado umas 3 ou 4 da manhã para fazer porque o café foi às 6 horas). um sabor indescritível! era possível comer até sem shoyu, purinho, pelo sabor e aroma da soja. jamais esquecerei deste gosto.
morei em tóquio por vários anos e busquei incansavelmente um tofu que se assemelhasse ao da minha família. pura decepção. cheguei a comprar tofus caríssimos (normalmente, um tofu sai na faixa de U$1,oo ou até menos e comprei os que custavam até U$5,00 para provar), e nada de chegar ao menos perto do que eu esperava.
pena... mais pena ainda é que o meu tiozinho velhinho que era quem tocava a produção, se foi. e não há mais ninguém na família para dar continuidade ao negócio. sinto realmente nunca mais poder degustar desta iguaria. jamais esquecerei seu sabor.

domingo, novembro 18, 2007

centrífuga e afins

ganhei uma centrífuga! o bom da casa nova é isso, ganhamos presentinhos para compor o novo lar. confesso que não se tratava de um gênero de primeira necessidade, mas fiquei um século com a centrífuga da minha sogra enfeitando a minha cozinha. usava para triturar aipim cozido, que forma uma massa bem densa, coisa que o liquidificador não aguenta. e bater feijão fradinho para fazer abará (que só fiz 2 vezes na vida e nunca mais! prefiro comprar pronto, pelo trabalho que dá fazer). nunca me imaginei usando as outras funções do aparelho como picar, ralar, emulsificar (alguém pode me explicar o que ser isso? meu curso de gastronomia só começa em fevereiro...), etc. ah! a centrífuga que ganhei faz até suco de laranja!
bom, resolvi usar para picar temperos. o saldo foi positivo, apesar de que, pela quantidade de ingredientes, o trabalho de montar, desmontar e lavar o equipamento, não compensa.
decidi que só vou usar agora quando tiver que fazer algo em grande quantidade. aí realmente é uma mão na roda.
vi outro dia o jamie oliver no seu programa do gnt fazendo uso do aparelho. e é isso mesmo. vale para grandes quantidades.
pois é... vou me adequando à modernidade. sou de uma geração que o máximo de tecnologia na cozinha era liquidificador e batedeira. vivo até agora sem batadeira. me acostumei a bater clara em neve nas mãos mesmo. um bom exercício. mas confesso que faz falta quando quero fazer chantili. se eu ganhar, não vou desprezar, claro! farei bom uso, obrigada.
outra coisa que não tenho e não sei se me faz falta é um forno de microondas. no japão usava muito, mas era mais uma questão de praticidade. impossível ter um forno elétrico ou à gás lá. problemas de espaço. ou era eu ou era o forno. fiquei com um microondas modernoso, com diversas funções.
mas aqui, não sinto muita falta. talvez um pouco na hora de esquentar comida. economiza panela. um bom forno à gás, um bom fogão (idem) e boas panelas (preciso de mais panelas!!) são o suficiente para comer razoavelmente bem por aqui, pelo menos na minha casa.
até mais!

feijão andu


tenho um pé de feijão em casa. e dos grandes. só não sabia que tipo de feijão era. achava estranho ser uma árvore de médio porte, cheio de vagens, pois achava que pé de feijão era algo pequeno, a poucos palmos do chão. esse pé que tenho é, na verdade, a reencarnação de outro pé que tinha morrido. quando minha casa estava em obras, o pedreiro ao capinar o terreno, arrancou um pé de feijão que já estava morto. no mesmo lugar, nasceu esse. só que cresce tão rápido que antes mesmo de ter um tronco firme já está cheio de galhos, folhas, flores e vagens. aí o tronco não aguenta e o pé fica parecendo planta rasteira. enfim, catei algumas vagens já secas e tirei os feijõezinhos redondos. resolvi perguntar ao rapaz que está capinando o terreno qual o tipo deste feijão e ele me disse que se tratava do andu. já tinha comido, mas confesso que não lembrava da cara dele.
aqui na bahia há uma variedade bem grande de feijões diferentes dos basiquinhos que temos em são paulo (carioquinha, feijão preto...). temos feijão verde, feijão de corda, mangalô, fradinho, e diversos outros que desconheço.
resolvi então preparar o andu. ouvi dizer que tinha que aferventar antes de cozinhar para valer, como o feijão azuki. ah! antes, fiz algo que não fazia séculos: escolher feijão! alguém se lembra que tínhamos que escolher o feijão para cozinhar pq vinha com pedras, areia e coisas que até deus duvidava? pois é... minha infância tmb foi assim, vendo minha mãe escolher feijão e ajudando a fezer o mesmo de vez em quando. e foi o que tive que fazer, escolher o feijão andu para tirar pedrinhas, florizinhas e bichinhos.
uma vez feita a limpeza, passei uma água para tirar o que passou despercebido e aferventei. troquei de água e cozinhei novamente. quando estava quase bom, tirei do fogo, refoguei cebola e alho, piquei uma rodelas de linguiça calabresa, temperei com pimentão, tomate, coentro e cebolinha e cozinhei mais um pouco para dar o gostinho. e não é que ficou uma delícia? o caldo é ralo, não é como o feijão carioquinha, mas é muito saboroso.
e fuçando no google descobri receitas como tutu de feijão com andu. vou tentar fazer e depois passo a receita.
bom estar de volta!
bjs

quarta-feira, novembro 07, 2007

novidades, finalmente!

faltava inspiração, talvez. sinto ter ficado tanto tempo sem dar notícias, mas agora creio ter um ótimo motivo para recomeçar. finalmente resolvi assumir oficialmente meu gosto pela cozinha e entrei em um curso de gastronomia. não um cursinho rápido, mas uma graduação tecnológica. um curso de verdade, de dois anos e meio em uma faculdade daqui de salvador. presetei vestibular e tudo mais que tinha direito. e passei! a partir de fevereiro de 2008, serei graduanda do curso de gastronomia da fib. meu orientador do mestrado não entendeu eu querer fazer graduação nesta altura do campeonato.
enfim, o fato é que estou super feliz e motivada. o que eu quero mesmo é poder dar aulas em cursos de gastronomia e ser crítica gastronômica. acho que nunca é tarde para recomeçar e eu, nos meus 40 anos de vida e experiência, sei muito bem que isso é verdade.
como disse outro dia a um amigo que está lá no país de gales, meu copo está sempre meio cheio. fiquei desempregada pela primeira vez na vida e confesso ter ficado sem chão por um tempo. a sensação é péssima, devo dizer. mas por outro lado foi bom para eu repensar nos rumos que minha vida estava tomando.
agora sei que estou no caminho certo. enquanto o ano não termina, fico às voltas com as disciplinas do mestrado, a corrida contra o tempo para preparar o texto para o exame de qualificação e um outro hobby que descobri (já que a cozinha não vai mais ser um hobby, mas uma opção real de vida), que é a pintura em madeira. na verdade, compro peças de madeira e faço trabalhos de pátina e decupagem. é uma ótima terapia e higiene mental, além de enfeitar minha casa nova (é, estou de casa nova) e em breve, uma fonte de renda, pois pretendo vender alguma coisa para quem quiser lembrancinhas para o natal.
se vira nos 30! e no meu caso, aos 40!
o fim do ano está aí e 2008 promete.
aguarde novas receitas e afins. prometo que serei mais regrada nas minhas postagens.
abraços e beijos a todos.

domingo, fevereiro 25, 2007

macarrão a putanesca adaptado aos ingredientes

final de semana de massas.
fazia tempo que não comia tanto macarrão. ainda mais nesta dieta vegetariana que estou incorporando, não sobra muito espaço para o bom e velho macarrãozinho. mas resolvi quebrar a dieta um pouquinho e fiz outra massa, depois do curry.
queria fazer a putanesca. lembro que meu pai fez na primeira vez que experimentei e achei dos deuses! inesquecível! além do nome, bem sugestivo. para quem não sabe, macarrão a putanesca vai azeitonas pretas, alcaparras, anchovas e um pouco de molho de tomate. é um molho mais seco, que incorpora a massa.
mas estava sem o principal: anchovas e azeitonas pretas. fiz a minha versão:
- 1 lata de atum;
- 1 porção de alcaparras (vai a gosto, mas sugiro 2 colheres de sopa);
- azeitonas verdes (usei o que tinha na geladeira, que eram umas 12);
- 1/2 xc de purê de tomate;
- 1/2 pacote de massa de sua preferência (usei penne);
- 1/2 cebola;
- 2 dentes de alho.
cozinhe o macarrão conforme indicação do pacote. se tiver oportunidade, use massas italianas. di cicco, divela, barilla,... se alguém tiver sugestão de alguma massa nacional boa, aceito, mas até o momento, não achei nenhuma.
aqueça um pouco de azeite e refogue a cebola picadinha e em seguida, coloque o alho também picadinho. misture as alcaparras e as azeitonas devidamente picadas (não se esqueça de tirar o caroço das azeitonas) e acrescente o atum escorrido. junte o purê de tomate e um pouco de água. quando incorporar tudo, coloque o macarrão. misture e experimente o sal. as alcaparras e as azeitonas são salgadas, além do atum que já vem temperado. muitas vezes não é necessário salgar mais. e só.
acho que de putanesca só tinha as alcaparras mesmo, né? vou pensar em outro nome para batizar esta receita. aceito sugestões.

macarrão com curry

estava sem nada na geladeira e com preguiça de ir ao supermercado, tendo que fazer um almocinho para nós. analisei o que tinha de ingredientes e decidi fazer um macarrão. uso sempre aquelas "short pasta", quer dizer, macarrão curto, se é que é chamado assim. aqueles tipo parafuso, gravatinha, penne,... não curto espaghetti. além disso, era o que eu tinha em mãos. tinha também diversos tipos de proteína de soja, mas o maior problema era a falta de temperos. sem salsinha, cebolinha, coentro, pimentão, tomate... tinha cebola e alguns temperos em pó e ervas secas. lembrei de um macarrão com curry que comia no japão e resolvi tentar. seguinte:
- 1/2 pacote de short pasta;
- 1 xc de proteína de soja tipo grande;
- 1/2 cebola picada;
- 2 tabletes de caldo de carne;
- curry a gosto.
ferva a proteína de soja em água abundante por uns 3 minutos. retire da água, esprema para tirar o excesso, junte os tabletes de caldo de carne e misture para pegar o gosto. acrescente um pouco de pó de curry e reserve. neste meio tempo, ferva a água do macarrão e cozinha conforme manda a embalagem. cuidado para não amolecer demais. refogue a cebola picadinha em um pouco de óleo ou azeite e acrescente a proteína de soja. misture o macarrão já cozido e escorrido e coloque mais curry a gosto. eu adoro comida ardidinha, mas o curry que tenho só dá cheiro e cor. o sabor é muito fraco. vou ver se acho um indiano legítimo. enfim, coloque um pouquinho de água para o curry incorporar melhor na massa. experimente para ver se está bom de sal (os tabletes de caldo de carne têm sal o suficiente, dependendo do gosto).
e pronto! fácil, rápido e aprovadíssimo pelo meu faminto noivo.

sábado, fevereiro 03, 2007

restaurante - gula santa - vilas do atlântico - parte II

novamente almoço do gula santa.
estávamos famintos, pois os afazeres domésticos nos fizeram almoçar somente às 15 e tantas da tarde. chegamos ao santa gula com o estômago nas costas.
o garçon, muito gentilmente, nos indicou o carpaccio como entrada. eu adoro e andré nunca tinha comido. aceitei a sugestão. maravilhoso! fatias finíssimas com um molho de alcaparras e fatias de parmesão, no ponto. e não venham de dizer que a fome ajudou porque meu paladar é muito chato e quando estou com fome, fica mais chato ainda.
pedi como prato principal uma lula recheada com um nome sugestivo que não vou me recordar agora. e andré ficou com um mil folhas de bacalhau.
notei que o cardápio estava diferente do outro dia que estivemos lá e o garçon confirmou que de 2 em 2 meses, mais ou menos, pretendiam variar o cardápio para que os clientes não enjoassem da comida. achei ótimo!
a minha lula era divina! duas lulas recheadas com batatas, presunto parma, salsinha, e acompanhamento de batatas doces grelhadas. a tal das mil folhas de andré nada mais era do que um tipo de lazanha de bacalhau. folhas de lazanha intercaladas de molho de tomate (feito com pedaços de tomates) e bacalhau desfiado. delicioso!
lá pelas tantas, aparece um dos chefs super falador e simpático perguntando o que estávamos achando. elogiamos muito e ele disse que pouca gente gosta de lula, mas como ele gosta, colocou no cardápio. eu que adoro frutos do mar em geral, agradeci muito. e quanto ao outro prato, ele disse que se chamasse de lazanha de bacalhau, pouca gente iria querer. achou mais original o nome mil folhas.
muito bem humorado, contou que gosta de inovar o cardápio e trazer coisas diferentes. disse que vai incorporar uma feijoada com lagostae que está desenvolvendo uma receita de acarajé com lagostim frito em azeite de oliva, não em dendê. estou ansiosa para experimentar!
a sobremesa foi um sorvete de pistache (sou fã) e claro, trouxemos uns pasteizinhos de belém para comer em casa, o que aliás, farei daqui a pouco.
comprovadíssima a qualidade deste restaurante. sinto não entender de vinhos para poder sugerir algumas opções para acompanhamento dos pratos. nem cheguei a ver a carta de vinhos do restaurante.
ah! o garçon sugeriu para que fôssemos à noite que é mais fresco (não há ambiente climatizado no local. somente alguns ventiladores, o que pode ser um tanto quente nesta época do ano). ficam abertos até as 23h.

restaurante - gula santa - vilas do atlântico parte I

faz tempo que não escrevo sobre restaurantes. vou procurar variar os conteúdos, sendo alguns de receitas e outros de restaurantes que valham a pena ser mencionados.
este certamente é um deles. gula santa, um restaurante novo em vilas do atlântico em lauro de freitas, bahia. só esta semana já estive lá por duas ocasiões e não me arrependi de nenhuma delas. o restaurante funciona onde antes era uma creperia. esta, não era nenhuma 8a maravilha do mundo, mas honesta. fechou e fiquei intrigada quando vi outro nome no mesmo local. não havia tido oportunidade de conhecer e confesso que imaginava um restaurante tipo buffet ou outro por quilo da região. acabamos, eu e meu noivo, andré, indo a primeira vez esta semana.
tinha um quadro na entrada que oferecia o prato do dia como sendo um salmão e doces portugueses de sobremesa. no cardápio, uma variedade de pratos, sendo a maioria, bacalhau.
pedi uma salada de bacalhau e andré, o prato do dia. o garçon, que aliás era muito bem treinado e educadíssimo, informou que não havia rúcula para a salada, mas poderia substituir por alface americana. não vi problemas.
ambos os pratos bem servidos e deliciosos. o salmão parecia ser assado, veio meio desfiado sobre uma camada de batatas cozidas e douradas, com um pouco de cebola e salsinha. a salada, além da alface e do bacalhau fazia parte também beterraba e cenouras, além de passas brancas com um molho que infelizmente não consegui identificar, mas muito saboroso.
finalizamos o almoço com um capuccino delicioso. aliás, uma observação. pedi o capuccino e quando chegou, fiquei meio com um pé atrás quando vi uma espuminha de chantily na xícara. não sou muito fã de chantily por ser normalmente muito gorduroso. mas experimentei e qual não foi minha surpresa quando me deparei com um chantily super delicado e leve.
não tivemos tempo nem estômago para ingerir mais nada, mas tínhamos que experimentar as sobremesas.
pedi para viagem pastéis de belém e um folhado de baunilha. aliás, estava atrás desse folheado desde setembro, quando fomos para são paulo e comemos um bolo de massa folhada no aniversário do andré. fiquei um desejo até agora e não havia em salvador nenhuma doceria que tivesse doce de massa folhada. matei a vontade.
à noite, em casa, comemos os doces. maravilhosos!! pena que não super engordativos, com muito açúcar e gemas de ovos. mas de vez em quando, é bom se dar esses presentinhos.
ah! outro detalhe que me esqueci de contar.
o restaurante é de 4 sócios portugueses. dois deles vieram conversar conosco para saber o que tínhamos achado da comida. um deles era um dos chefs. considero isso um ótimo sinal de que o negócio é realmente sério.
me lembrei do restaurante don curro que costumava ir com o meu pai, lá em são paulo, todos os meus últimos jantares antes de retornar ao japão (quando morava por aquelas bandas), onde o próprio don curro andava mesa por mesa perguntando sobre o jantar. coisa de quem realmente se preocupa com o seu restaurante.
aprovadíssimo! quem puder frequentar, vá, pois um lugar como esse deve ser preservado, uma vez que temos pouquissimas opções de bons lugares lá pros lados de vilas. ainda não sou residente de lauro de freitas, mas quando for, quero ter bons lugares para frequentar e não ter que me deslocar para salvador.

domingo, janeiro 21, 2007

molho de pimenta

também chamado aqui de lambão.
adoro uma boa pimentinha e depois de muito pesquisar, descobri a minha preferida: a pimenta de cheiro. é divina! maravilhosa! indescritível!
faço sempre um molho de pimenta tipo vinagrete, super simples e eficiente.
- 6 pimentas de cheiro;
- 1/2 tomate picadinho;
- 1/2 cebola idem;
- 1/2 pimentão ibidem;
- um pouco de coentro picado;
picar tudo, misturar com um pouco de vinagre (o suficiente para cobrir o conteúdo sólido), um pouco de azeite doce (oliva), um pouco de sal e pode acrescentar um limão (sumo).
uma variação:
- acrescentar um pouco de castanha de caju picada e umas 2 colheres de sopa de leite de coco.
algumas gotas desta misturinha e vc tem o contato direto com o céu!

mariscada / moqueca

eu uso a mesma receita para mariscada ou moquecas em geral. para quem não sabe, mariscada é um cozido de diversos frutos do mar. só difere da moqueca por não ser de um ou dois frutos, mas vários. aqui faço com chumbinho (um tipo de marisco), sururu (idem), siri catado (carne de siri), siri mole (siri pequenininho, inteiro), polvo, lula, peixe, camarão e pode usar até lagosta, se o bolso permitir.
a moqueca normalmente com um ou dois desses ingredientes citados, ou até de ovo, jaca (ainda estou para provar), e o que mais vier de novidades.
as quantidades serão um problema, pois faço normalmente a olho e de acordo com o tamanho da minha panela. ah! a panela normalmente usada é de barro que vai diretamente para o fogo e para a mesa. a minha tem uns 30 cm de diâmetro e dá para fazer moqueca para umas 4~5 pessoas.
a receita que segue será de uma moqueca de camarão e peixe, mas pode modificar os ingredientes sem alterar nada.
- 1/2 a 1 kg de camarão limpo (dependendo do tamanho do camarão);
- 2 postas de peixe (pode ser bonito, pescada, ... qualquer um que não tenha a carne muito mole);
- 4 tomates picados;
- 3 cebolas picadas;
- 1 pimentão picado;
- coentro e cebolinha a gosto (tem gente que não gosta de coentro);
- 4 dentes de alho picados;
- 1 litro de leite de coco (ou menos, se preferir);
- 1 xc de azeite doce (aqui distinguem o azeite assim: dendê e doce, sendo este último, o azeite de oliva);
- um pouco de dendê.
o camarão deve ser totalmente limpo. eu gosto até de tirar aquele fiozinho preto que ficar nas costas e na barriga. dá um trabalho danado, mas não gosto de ver aquilo nos camarões.
tempere os camarões e as postas com o alho, um pouco de sal e um pouco de coentro. deixe por uma hora mais ou menos.
forre o fundo da panela com os a metade dos temperos bem picados (tomate, cebola, pimentão, coentro e cebolinha com um pouco de sal). coloque o peixe e esquente por alguns minutos, virando dos dois lados.
acrescente os camarões, espalhando pela panela. coloque por cima um pouco do leite de coco e misture com cuidado para não quebrar o peixe.
distribua a outra metade dos temperos sobre os camarões e o peixe, acrescente mais um pouco de leite de coco e tampe a panela. o cozimento é rápido.
aconselho a verificar o fundo para o peixe não grudar e deixar tmb um pouco da panela aberta para secar. antes de servir, jogue um pouco de dendê sobre a moqueca.
sirva com arroz branco, farofa de dendê (umas 2 colheres de sopa de dendê em uma frigideira, jogando por cima 1 xc de farinha de mandioca e um pouco de sal. qdo a farofa pegar toda a cor do dendê, está pronta) e uma boa pimentinha (esta será um capítulo a parte).
dos deuses!

caruru

o caruru normalmente é servido junto com o vatapá e é considerado comida de santo aqui na bahia. mais consumido tradicionalmente nas festas de cosme e damião, em setembro. mas como não são do babado, faço quando me dá na telha e esta receita como o vatapá, é natureba tmb, sem carne ou gordura.
- 20 quiabos picadinhos;
- 2 cebolas;
- 2 xc de coentro;
- 2 xc de cebolinha;
- 1/2 xc de castanha de caju;
- metade de um pimentão vermelho;
- um pouco de gengibre ralado.
bata os temperos no liquidificador e junte com os quiabos, um pouco de sal e água (pouca) para cozinhar. junte a castanha e mexa sempre até começar a desgrudar da panela. o dendê, da mesma forma que o vatapá, pode ser colocado no fim, se não for voltar ao fogo, ou individualmente em cada prato.
também acho dispensável.
comer com o vatapá, arroz e feijão fradinho, verde ou andu.

vatapá

bom, na minha fase natureba, fiz um vatapá vegetariano. para quem não conhece, normalmente, o vatapá leva camarão seco e neste não.
- 1/5 kg de abóbora cozida no vapor (desta forma não perde o sabor nem a cor);
- 1 xc de castanha de caju moída;
- 1 xc de farinha de mandioca;
- 2 cebolas;
- 3 xc de coentro;
- 3 xc de cebolinha;
- gengibre ralado (pouco);
- 1/2 xc de leite de coco;
- azeite de dendê, se quiser.
amasse a abóbora cozida no vapor e misture com a farinha de mandioca colocada de molho em 2 copos de água. misture tudo e acrescente um pouco de água até formar um mingau grosso. coloque no fogo em junte os temperos (cebola, cebolinha, coentro, gengibre e um pouco de sal) batidos no liquidificador com um pouco de água. junte a castanha mexendo bem para não grudar. a consistência é de um purê. acrescente o leite de coco no final e se quiser, o dendê. para não saturar a gordura, não esquente depois de colocar o azeite. pode acrescentar individualmente em cada prato ao servir. eu particularmente, não vi necessidade de colocar.
sirva com caruru (ver receita), arroz e feijão andu, verde ou fradinho.
bon apetit!

abará

depois de longo e tenebroso inverno (verão?), volto com mais receitinhas.
quem conhece a bahia já deve ter ouvido falar em abará. e para quem não conhece, é o irmão do acarajé. os dois são feitos de feijão fradinho, mas o abará não é frito. é cozido em banho maria, no vapor. mais light.
fiz um almoço em casa hj para comemorar o casamento do meu cunhado. na verdade, seria o último almoço com toda a família antes dele se casar. ele tinha me pedido para fazer um caldo de sururu, que fiz, mas claro que tinha que fazer outras coisinhas mais, senão não me chamaria ely.
fiz a moqueca de camarão e a mariscada de costume, mas resolvi fazer o tal do abará. a receitinha, vamos lá.
- 500 g de feijão fradinho;
- 2 cebolas raladas;
- 100 g de camarão seco em pó;
- 1/4 de xícara de azeite de dendê;
- folhas de bananeira.
aparentemente simples, e realmente é, o abará só dá trabalho no início, que é tirar as cascas e os "olhinhos" do fradinho. seguinte: coloque de molho na água por umas 2 horas. dizem que esfregar com as mãos tira a casca, mas não é bem assim, não. ainda vou perguntar a uma baiana como ela faz. eu consegui tirar mais facilmente colocando alguns grãos em um pano de prato e esfregando. pode guardar umas boas horas para fazer isso.
passe o feijão descascado no processador (acho difícil conseguir fazer no liquidificador, mas se conseguir, beleza) e misture com os outros ingredientes.
o camarão em pó é o seguinte: aqui é comum encontrar camarão seco, que é usado em uma série de pratos. é só pegar uns camarões e passar no processador ou no liquidificador. dependendo da espessura, passe em uma peneira para ficar um pó bem fininho.
misture tudo muito bem. o segredo do abará (e do acarajá tmb) é essa mistura. de baixo para cima para entrar o ar e a massa ficar mais fofa.
corte as folhas de bananeira num tamanho suficiente para colocar uma bola de massa. eu prefiro pequena, para um abará tipo aperitivo.
passe as folhas no fogo para murchar e facilitar o enrolar.
pegue um pouco de massa e coloque dentro de uma dessas folhas. enrole e pode amarrar com um pedacinho de folha.
coloque as trouxinhas ao vapor por pelo menos 1 hora.
sirva com vatapá, caruru, camarão seco e uma boa pimentinha.
não sei se farei de novo, pelo trabalho, mas ficou muito bom!
seguem depois as receitas de vatapá e caruru, ok?